Uma homenagem às mulheres anciãs produtoras de cultura de Alcântara marcou o Dia Internacional da Mulher comemorar nesta terça-feira, 8 de março. O evento, realizado no Cine Culturarte pela Prefeitura por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (SECRTUR), homenageou 25 mulheres produtoras de cultura do Município, e reuniu caixeiras do Divino, do tambor de Crioula, artesãs, rendeiras, mulheres das danças do Negro, da culinária, do licor, dentre outros. Elas receberam um certificado e ganharam uma camisa personalizada com a frase “Sou mulher, sou guerreira, sou do saber, sou do saber, sou da cultura popular de Alcântara.
De acordo com o secretário Municipal de Cultura e Turismo de Alcântara, Jedson Coelho, o objetivo foi homenagear mulheres das gerações passadas que lutaram e conseguiram fazer que a cultura chegasse até os nossos dias. “Algumas delas são precursoras da cultura na cidade. Buscamos as produtoras anciãs para que sejam reconhecidas, mas também para mostrar que a cultura precisa ser repassada para as novas gerações”, afirma o secretário.
Ao participar da abertura do evento que homenageou as mulheres, o prefeito Padre William Guimarães pontuou a importância da cultura alcantarense e de sua preservação. O prefeito citou a Festa do Divino, a culinária, o doce de espécie… “É preciso que se dê valor a quem merece. É nesse sentido que queremos levantar esta secretaria. Que seja uma propriedade da secretaria o incentivo à cultura”, pontuou.
Uma das homenageadas, Joralda Ramos Pinheiro (82), a primeira guia da Casa do Divino, contou que já recebeu outras homenagens, mas que a de hoje tem um significado especial. “Estou feliz porque além de ser homenageada, reencontrei muitas das minhas colegas”, disse Joralda, que, emocionada, pediu a Deus pelo fim da guerra. “A gente assiste na TV as notícias. São tantas famílias sendo destruídas. Tudo por causa da ganância. Que Deus tenha misericórdia e acabe com essa guerra.”
Marlene Silva (74), caixeira, também foi homenageada neste dia 8 de março. Ela conta que é um privilégio participar de algo assim. “Até porque foram levar o convite na minha casa. Estou muito agradecida por terem homenageado a todos nós. Espero que essa homenagem atinja todas as mulheres do Brasil”, falou Marlene, que reivindicou a homenagem à irmã. “Ela é mais idosa, tem mais de 90 anos, por isso não veio. Foi com ela que aprendi o que sei.”
DE GERAÇÃO PRA GERAÇÃO
A mais jovem das caixeiras alcantarenses, Ingrith foi homenageada. Amante da cultura do seu município, ela recebeu a missão de preservar o conhecimento e repassar a outros jovens. Para ela, a homenagem tem um significado singular. “Hoje em dia os jovens, principalmente as mulheres, não se interessam no sentido de tocar. Dizem que é coisa de velho e não querem passar vergonha.”
Ingrith revelou que é apaixonada pela cultura alcantarense e sente orgulho por ser caixeira. “Tem uns seis anos que participo da festa. Eu amo o que faço. Comecei como bandeirinha, depois passei a tocar caixa. Meu pai é mestre sala, minha mãe cobre santo. É uma coisa que pra mim só me traz alegria.”
A jovem caixeira está preocupada com o que pode acontecer com a cultura alcantarense quando as anciãs não estiverem mais aqui. “Para mim, como jovem, levar esse papel para frente, incentivar outras meninas é muito gratificante. Muito bom saber que estou sendo homenageada por uma coisa que gosto, que realmente sei fazer. É maravilhoso.”